Galã de Vale Tudo não resistiu a uma cirurgia de emergência e faleceu aos 60 anos
O mundo artístico ficou de luto com a morte de Marcos Manzano, ator que marcou época na televisão brasileira ao interpretar o príncipe Giovanni Piero Giácomo na novela Vale Tudo, sucesso da Globo exibido originalmente em 1988. Aos 60 anos, Manzano não resistiu a uma cirurgia cardíaca de emergência e faleceu em São Paulo, deixando fãs e colegas de profissão profundamente abalados.
Segundo informações da época, o artista foi levado às pressas ao hospital após sentir fortes dores no peito. Apesar dos esforços médicos, seu quadro se agravou rapidamente, e ele acabou partindo de forma inesperada. Amigos próximos relataram que Marcos vinha enfrentando alguns problemas de saúde, mas sempre mantinha o bom humor e o entusiasmo característicos que o acompanharam ao longo da vida.
Em Vale Tudo, Manzano viveu um dos personagens mais comentados da trama: o príncipe Giovanni Piero Giácomo, que se casa com Maria de Fátima, personagem de Glória Pires, em um matrimônio de conveniência. O relacionamento servia para encobrir segredos do passado do príncipe, num contexto conservador da sociedade da época. O papel, ousado e delicado, tornou-se um marco por abordar de forma sutil temas que até então eram tabu na televisão brasileira.
A interpretação de Manzano chamou a atenção pela elegância, pela forma como trouxe humanidade ao personagem e pela química com Glória Pires em cena. Mesmo com poucas aparições, o papel lhe rendeu reconhecimento e abriu portas para outros trabalhos na TV e no teatro.
Após o sucesso na novela, Marcos Manzano decidiu trilhar um caminho diferente. Visionário e empreendedor, fundou em 1990 o famoso “Clube das Mulheres”, uma casa de shows voltada ao público feminino, localizada na zona oeste de São Paulo. O local se tornou um fenômeno, atraindo grande público e conquistando destaque na mídia. O ator, inclusive, chegou a se apresentar no próprio palco, mostrando um lado carismático e popular que o público adorava.
Dois anos depois, ele foi convidado para participar da novela De Corpo e Alma, de Glória Perez, exibida em 1992. Curiosamente, seu personagem na trama também era dono de uma casa de shows chamada “Clube das Mulheres”, inspirada diretamente em sua vida real. Essa coincidência tornou-se uma curiosidade marcante na carreira do artista, que sempre transitou com naturalidade entre a ficção e a realidade.
O personagem Giovanni, em Vale Tudo, é lembrado até hoje por representar um avanço simbólico na representação LGBTQIA+ nas telenovelas. Embora o tema ainda fosse tratado de forma discreta nos anos 1980, sua presença já apontava para a necessidade de abordar com mais coragem as diversas formas de amor e identidade. Marcos Manzano, com sensibilidade e respeito, conseguiu dar profundidade a um papel que poderia ter se tornado apenas uma caricatura.
Além de ator, Manzano foi um homem inquieto, criativo e apaixonado por novos projetos. Seu “Clube das Mulheres” resistiu por muitos anos, tornando-se um ícone da noite paulistana e influenciando a criação de outras casas semelhantes pelo país. Colegas o descrevem como alguém generoso, bem-humorado e dono de um talento natural para encantar o público.
Sua morte precoce deixou uma lacuna difícil de preencher. Nas redes sociais, fãs e amigos lamentaram profundamente sua partida, relembrando com carinho seus papéis marcantes e sua contribuição para a arte e o entretenimento.
O nome de Marcos Manzano permanece na memória dos que o acompanharam — um artista completo, que viveu intensamente e deixou sua marca na história da televisão brasileira. Sua trajetória é lembrada não apenas pelo sucesso, mas também pela coragem de ser autêntico em uma época em que isso custava caro.