Amigo relembra morte de gari em BH: “Vai matar a gente trabalhando?”
Um crime brutal chocou Belo Horizonte nesta terça-feira (12). O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros enquanto trabalhava na coleta de lixo, no bairro Vista Alegre.
Segundo testemunhas, o disparo foi feito pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, após uma discussão de trânsito. O projétil atingiu a região torácica de Laudemir, que chegou a ser levado para o Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.
Renê fugiu do local sem prestar socorro, mas foi localizado horas depois, enquanto treinava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. A polícia montou um cerco no entorno para impedir nova fuga.
O que aconteceu
O colega de trabalho da vítima, Thiago Rodrigues Vieira, estava presente no momento do crime e relembrou os instantes de tensão:
“Não precisava chegar a esse ponto. Foi avisado três vezes por mim: ‘Vai atirar? Você vai matar a gente trabalhando?’”, contou.
De acordo com Elen Dias Aparecida Rodrigues, motorista do caminhão de coleta, Renê teria se irritado porque o veículo dificultava a passagem de seu carro:
“Eu estava no caminhão, chamando ele para passar. Aí ele colocou a arma em punho.”
Após conseguir ultrapassar, o empresário desceu do carro e atirou contra Laudemir. A polícia afirma que ele foi reconhecido por três testemunhas e foi preso em flagrante pelos crimes de ameaça e homicídio qualificado, por motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Relação com delegada e apreensão de armas
Durante a abordagem, Renê negou o crime e afirmou ser casado com a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira. A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais apreendeu duas armas no apartamento do casal.
Segundo o delegado Saulo Castro, uma das armas é institucional, pertencente à corporação, e está sendo investigado se houve qualquer infração por parte da servidora. A delegada afirmou que o marido não tinha acesso ao armamento e negou envolvimento dele em atividades criminosas.
Dor e pedido de justiça
O enterro de Laudemir ocorreu na tarde desta terça-feira (12), sob forte comoção. A viúva, Liliane França da Silva, fez um apelo emocionado:
“Eu não tenho mais ele por causa de uma injustiça, de uma falta de respeito de um cidadão que acordou de mau humor. Quero justiça. Respeitem os garis, eles estão limpando e fazendo o serviço deles.”