Uma situação inusitada em uma escola pública de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, está gerando debate e pode acabar na Justiça. Tudo começou quando uma aluna de 9 anos, portadora de Doença Celíaca, levou um bolo feito em casa no lanche — e a mãe acabou sendo chamada para uma reunião na escola.
O que aconteceu
A menina costuma levar lanches preparados pela mãe, já que precisa seguir uma dieta sem glúten. Segundo a família, a escola não conseguiu garantir uma alimentação adequada, sem risco de contaminação cruzada.
Durante uma reunião, educadores comentaram que alguns pais haviam reclamado porque seus filhos “ficavam com vontade” ao ver a aluna comendo bolo com cobertura. Um dos relatos dizia:
“Tem uma criança que não pode comer a comida da escola. O problema é que ela leva comidas que não são iguais às que meu filho come. Ultimamente, ela traz bolo com cobertura e come na frente de todos. Meu filho fica com vontade.”
A mãe relatou que se sentiu constrangida com a situação e afirmou que os direitos da filha estão sendo ignorados. A família já informou que pretende levar o caso ao Ministério Público do Paraná.
Por outro lado, representantes da escola e da Secretaria Municipal de Educação afirmam que crianças com doença celíaca são atendidas normalmente e que, nesse caso, a mãe teria recusado as alternativas oferecidas.
Por que isso importa
A doença celíaca exige uma dieta rigorosa, sem glúten — substância presente em alimentos como trigo, centeio, cevada e malte. Quando uma instituição de ensino não consegue oferecer refeições seguras, muitas famílias optam por enviar o lanche de casa.
Isso, no entanto, levanta um dilema:
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As crianças com dietas restritivas acabam levando comidas diferentes, o que pode gerar curiosidade ou desconforto entre os colegas. 
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Por outro lado, é uma questão de saúde e segurança alimentar, não de preferência. 
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Cabe às escolas equilibrar a inclusão e a convivência entre alunos com diferentes necessidades. 
Reflexões para pais, escolas e gestores
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Pais: conversem antecipadamente com a escola sobre as restrições alimentares da criança e alinhem as responsabilidades de cada parte. 
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Escolas: criem protocolos claros para lidar com restrições alimentares, evitando tanto a exclusão quanto o constrangimento. 
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Gestores: revisem regulamentos e orientem equipes para lidar com situações sensíveis. Um simples bolo no lanche pode gerar debates maiores sobre empatia, inclusão e direitos. 
